segunda-feira, julho 02, 2012

 

Nº 460


sexta-feira, abril 27, 2012

 

Nº 458


terça-feira, março 27, 2012

 

Nº 457




terça-feira, fevereiro 28, 2012

 

Destaque

Sucelo um Deabulus do Barroso castrejo

Emparedado no sub-coro da igreja de Vilar de Perdizes.
Pintado com cores vivas, possuía olhos enormes que, tendo o fulgor e a capacidade fulminante do relâmpago, tudo viam, infundindo grande temor nos crentes ou nos prevaricadores.
O martelo que segura na mão direita e o seu proverbial pénis transmitiam uma mítica capacidade fertilizadora a humanos, animais e campos. A ele se encomendavam as virgens e mães de família, com pedidos de avultada prole e os lavradores solicitavam mais crias e melhores colheitas, lançando depois pequenos machados rituais, de pedra ou de metal, sobre as sementeiras.

Em muitas aldeias de Barroso contam-se histórias antigas com transmissão oral trans-secular, relativas à existência de homens com força mítica. Em Solveira, à vista de uma lasca monolítica de cerca de quatro metros por um e meio de largo, que serve de plataforma a um dos três vãos integrantes da ponte de Mandiz, uma bela ponte roqueira castreja, diz-se que foi transportada à cabeça de uma mulher que simultaneamente fiava uma roca de lã. Também se conta que os habitantes dos castros de Solveira e de Pedrário, dispondo apenas de uma marra comum, a projectavam de um monte para o outro, quando alguém precisava dela.
Histórias como esta parecem consolidar a teoria de que, ultrapassadas as fases de religiosidade animista neolíticas e mesolíticas, durante o longo período da Indo-Europeização, os povos procederam ao endeusamento de parentes, já desaparecidos, que teriam assumido um comportamento invulgar e que, de alguma forma, se notabilizaram por determinadas características únicas, fossem elas técnicas, espirituais ou de invulgar força física.
Muitos destes deuses chegaram até nós pela epigrafia, pela estatuária e pela numismática.
Do período romano, muitos autores, sobretudo Lourenço Fontes e Rodriguez Colmenero, têm amplamente divulgado alguns modelos epigráficos regionais, como o altar ao deus Larouco, em Curral de Vacas, no qual uma mulher chamada Ama, filha de Pitilo, solicita a Larouco saúde ou benesses para o seu marido, as aras de Vilar de Perdizes, uma dedicada a Larouco, ped(roni) máximo e outra idêntica dedicada por Capito Carminius a Júpiter, ou a ara de Equales, também dedicada a Júpiter, encontrada em S. Vicente da Chã (1).
Na capela da Asunción, na vizinha aldeia galega de Baltar, existe ainda outra com dedicatória a D (eo) Reve Larauco por Vallius Aper (Le Roux e A. Tranoy).
O povo encomendava-se também a outros deuses, de carácter mais restrito, como o deus Rancero, um deus indígena, como nos conta a inscrição de Rameseiros, em Vilar de Perdizes (2).
Haveria outros com provável penetração na região do Alto Barroso, como Bandue Verubrico, referido numa inscrição encontrada na vizinha aldeia galega de Vilaça, a cinco quilómetros de Verin. De carácter local seriam também os Lares Belaecis, lavrados numa dedicatória de duvidosa leitura em Pitões (3).
O estudo pormenorizado destes deuses, excede o âmbito desta pequena exposição, pelo que fomos sucintos na sua abordagem, achando mais importante o aprofundamento de um caso pré-romano, referente a uma estatueta em alto relevo existente na igreja de Vilar de Perdizes de que nos deu conta o nosso amigo P. Lourenço Fontes, já há alguns anos.
M. P. Garcia-Bellido, faz referência à existência de duas téseras com epígrafe N CALECI, um étnico celta, como calaeci ou o oppidum barrosão de Caladunum, responsável pela sua emissão, onde se faz referência ao deus Sucellus, estabelecendo uma possível ligação entre o culto de Hefaístos-Vulcano e este Sucellu (4). Hefesto, um deus grego, Vulcano, o seu equivalente romano, e o deus galo/celta Sucello, são representados empunhando um martelo ou malho de trabalhar o ferro, artefactos que também acompanham Thor, Odin, ou o Dagda irlandês que, em vez de machado, empunha uma maça (5).
Não é consensual entre os especialistas que Vulcano seja protector dos metalúrgicos e ferreiros. Pensa-se que seria antes o protector do fogo doméstico e dos incêndios, já que as vulcanalia da Roma antiga eram celebradas a 23 de Agosto, depois das colheitas, coincidindo com o pico máximo dos incêndios que geravam elevados prejuízos para os camponeses.
Estas festividades pagãs, também celebradas na península, persistiram até muito tarde, pois S. Martinho de Dume, no século VI da nossa era, em de corretione rusticorum, ainda exortava os povos do N.O. a abandonarem as referidas festas.
Succellus era uma divindade gala, venerada nos vales do Ródano, Reno, Saona e na Germânia. Era o deus da morte, do raio e do trovão, e o protector das actividades mineiras e das riquezas do subsolo. Com a entrada dos romanos na península confunde-se muitas vezes com Silvano, deus dos bosques e das colheitas e mesmo com Júpiter. Casado com Nantosvelta, uma deusa equivalente de Hera, era um deus abrangente e poderoso. César, nas suas notas Sobre a Guerra Gaulesa, trata-o por dis pater, ou pai dos deuses (6).
Em versão romanizada, era representado com um martelo numa mão e um pequeno pote na outra e, por vezes, acompanhado por uma bolsa de dinheiro, um tonel ou um cão. Como Silvano, vestia-se com túnica curta e botins. No bronze de Mours tem uma pele de lobo sobre os ombros e um maço na mão, à semelhança de Hércules, vestido com a pele do leão de Nemeia. A presença de um maço ao lado de uma pomba no tímpano do edículo da Fonte do Ídolo, em Braga, parece demonstrar também alguma relação com o deus Tongoe Nabiagoi (3).
Foram identificadas imagens deste deus nas zonas mineiras de Vellaricos, Badajoz e na região da Bética (4).
O culto destes três deuses, Hefesto, Vulcano e Sucelo, é revestido de alguma ambiguidade e sobreposição iconográfica, patentes nas imagens existentes nos museus de Beaune e no de Moura, no colosso de Pedralva e no deus representado com duas cabeças e um só martelo, que persistiram metaforizados em algumas tradições e festas populares, como na festa dos Santinhos Gémeos, do Deusinho e do deus Manquinho, bem com nas celebrações de alguns santos da Igreja, como S. Gens, S. Bartolomeu e S. Miguel.

O deus do malho-rodeiro, no museu de Beaune, o deus do martelo do museu de Moura, o colosso de Pedralva, recolhido por Martins Sarmento, Lycaon, patriarca dos ferreiros, a que alude o Génesis, o deus Manquinho, inferiorizado por um ataque de Lyco, um homem-lobo, o deusinho (deabulo> diabo), o Selu (Senhor), os Santinhos Gémeos, um deus com duas cabeças e um só martelo, que persistem em algumas festas populares, estarão ligados ao culto de Vulcano, embora com nomes diversos. Na tradição católica, parecem ligados ao culto de S. Gens.
Estes antigos cultos pagãos persistem em várias localidades do norte de Portugal. Ilídio de Araújo, num excelente trabalho em que analisa e disseca a inter relação de determinados factos e fenómenos sociológicos, antropoculturais, hagiológicos, históricos, mitológicos e relatos do Antigo Testamento, sem aparente contributo arqueológico, constata a existência de várias tradições ligadas a este culto pagão no antigo concelho de Monte Longo, no alto Vizela e na serra da Lameira, que suscitam no leitor muitas dúvidas e interrogações, perante tão grandes coincidências (7).

O alto-relevo existente na igreja de Vilar de Perdizes, parece-nos uma representação pré românica do deus Sucelus, ligado à fertilidade, protector das colheitas, dos ferreiros e dos mineiros, um deus barrosão genuíno, sem qualquer referência epigráfica conhecida na região.
O culto desta divindade acompanhou os clãs celtici oriundos da Gália e da Germânia que, após breve estadia no sul da península, demandaram o NO, em busca de riquezas minerais, sobretudo estanho e ouro, tendo atravessado a região metalífera de Barroso entre o século VII e o século II a. C., quiçá antes. A cultura destes povos integra os modelos clássicos de Indo-Europeização.
Numa tentativa de por termo ao paganismo, a Igreja determinou que, a 24 de Agosto, se fizesse a festa de S. Bartolomeu, precisamente o dia seguinte à data da ancestral celebração das vulcanalias. Este santo terá aprisionado o demónio, libertando-o, num gesto de benevolência, durante um dia. Diz o povo que, a 24 de Agosto, anda o diabo à solta.

O pagus de Celo e a terra de Baronceli

Ignoramos o âmbito e a extensão do seu culto mas, perante a evidência linguística, como tentaremos demonstrar, o deus Sucelo foi venerado, a alguma distância dos castros vizinhos, como é próprio da cultura castreja, na veiga de Vilar de Perdizes, em Penascrita, um pequeno templo situado num vicus próximo da via XVII que, mesmo durante o período romano, ostenta evidências de um culto antigo, atribuído ao Bronze Atlântico. Esses pequenos templos eram genericamente denominados pelos romanos por Fana ou sacella (8).
Algures na veiga da Senhora da Saúde e nas imediações de Penascrita, viria a ser o Soelo de que falam as inquirições de D. Afonso III, em meados do século XIII.
Para o mesmo local, propõe J. Alarcão a localização do pagus de Celo, enumerado no Parochiale Suevum no ano 569, embora sem adornar a sua teoria com qualquer documento que não seja a pura distribuição geográfica das paróquias atribuídas à Sé de Braga nesse conclave, além da existência de variado espólio superficial, habitual em locais romanizados (9).
A veneração regional de Sucelo, parece-nos um contributo importantíssimo para a localização definitiva da paróquia suévica de Celo, que apesar de ser designado por pagus, em termos de área e população, devia ser maior que muitas paróquias enumeradas no Código de Teodomiro.
Em meados do século VI, a Fé e o poder persuasivo de S. Martinho de Dume, amoleceram o paganismo dos barrosões, que se converteram à doutrina de Jesus de Nazaré. O pequeno deus, ou deabulus, como então se dizia, foi gradualmente relegado para o esquecimento perante a omnipotência do Deus de Israel, sendo provavelmente seguido apenas por um grupo minoritário, por mais alguns anos. Contudo, tinha os seus dias contados.
A primeira medida tomada pela Sé de Braga, logo após a provável sacralização de uma pequena igreja privada local, foi a cristianização óbvia do próprio nome do vicus que tinha recebido o nome de Sucello, o deus local, transformando-o em Celo, ou Coelum, que significa o Céu ou o Paraíso dos cristãos.
Apesar desta intervenção da Igreja, que tentou eliminar o radical antigo-europeu su-, de onde provém o termo latino sus, que significa porco, o povo nunca perdeu a terminologia milenar a que estava habituado, pois em muitos locais o ápodo de porco sujo é um dos nomes populares porque é conhecido o demónio (deabulus). Da mesma forma se manteve o termo Selu (7), o senhor, de que fala Ilídio de Araújo, ou o casal de Soelo, referido em 1258, na Inquirição de Vilar.
Nas décadas e séculos seguintes, uma antiga vila romana, nas proximidades de Celo, foi crescendo em área, produção agrícola e serviçais, transformando-se em centro polarizador dos fundi em seu redor. O seu abastado proprietário terá erigido a sua própria igreja, sob protecção do Arcanjo S. Miguel, cuja maior façanha difundida pela Igreja, foi aprisionar o Diabo.
Por esse tempo, uma pedra tosca existente no Soelo, retratando um deabulo (pequeno deus) olharapo e munido de um pénis acavalado, apesar de menosprezado e penumbrento, continuava a alimentar os medos e a superstição dos católicos medievais.
Para sossego dos crentes foi sepultado, ou emparedado em posição horizontal, no sub-coro da igreja de Vilar de Perdizes, o espaço mais profano do templo, apenas frequentado pelos malandros e pelos que preferem a galhofa à oração. Contudo, foi confirmado como sendo o local mais seguro para agrilhoar um presidiário tão versátil e escorregadio que, na perenidade dos séculos, teria S. Miguel como garante da sua inactividade, pela protecção e permanente vigilância de Padroeiro.
A igreja de S. Miguel de Vilar de Perdizes e a de Lucenza, na Galiza, viriam a ser sagradas por D. Pedro, bispo de Braga, nos finais do século XI (2). É provável que a localização actual da imagem deste deus pagão se deva a um restauro posterior do templo.
A localização definitiva do pagus de Celo, só possível com a colaboração arqueológica, é de enorme importância histórica, permitindo também determinar a extensão da terra de Baroncelli, uma região com avultadas rendas, cuja posse terá aberto um conflito judicial entre os bispados de Braga e Orense em 1078, uma terra com múltiplos registos na documentação medieval, sobretudo no Tombo de Celanova, que se estendia desde o Couto, Torre de Ervededo e Chaves até terras de Monterrey, na Galiza. Para ocidente parece englobar as aldeias de Vilar, Solveira e Gralhas, cuja existência está documentada no século XI, e algumas aldeias galegas até à encosta sul do Larouco, ou seja, grande parte do que se julga ser o antigo território Búbalo.
Uma intervenção no terreno efectuada por agentes devidamente credenciados seria fundamental para que se esclareça a localização do pagus a que foi atribuído o número vinte e oito no Parochiale Suevum, um tema que tem consumido a paciência dos historiadores.
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1- CARVALHO, Carla e ENCARNAÇÃO, José, Duas epígrafes de Montalegre (Conventus Bracaraugustanus), Ficheiros Epigráficos, U. de Coimbra, 2006.
2- COLMONERO, A. Rodrigues, A la Vera del Larouco: reflejos de la Huella Galaico Romana. Revista Aquae flaviae, Nº 41, 2009.
3 - OLIVARES Pedreño, Juan Carlos, Los Dioses de la Hispânia Céltica.
4 - GARCIA-BELLIDO, Maria Paz, Bronces y Religión Romana, em Actas del XI Congreso Internacional de Bronces Antiguos, Madrid, 1993.
5 - HUTTON, Ronald, The Stations of The Sun, Universidade de Oxford, 1996.
6 – JÚLIO CÉSAR, De Bello Gallico, VI, 18, 1.
7- ARAUJO, Ilídio Alves, Vestio Lonieco e os Argonautas, Revista de Guimarães, 1999.
8- BERGIER, Nicolas, Histoire des Grands Chemins de L’Empire Romain, livro II.
9- ALARCÃO, Jorge de, As Paróquias Suévicas do Território Actualmente Português, Religión Lengua y Cultura Prerromanas de Hispania, Universidade de Salamanca, 2001.


Fernando Calvão

 

Nº 456




quarta-feira, janeiro 25, 2012

 

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segunda-feira, novembro 28, 2011

 

Nº 453




quinta-feira, outubro 27, 2011

 

Nº 452





quarta-feira, setembro 28, 2011

 

Destaque

Assembleia Municipal 24/09: "Patrão fora, dia Santo na Loja"


«A Câmara de Montalegre é um mau exemplo no encerramento de escolas. Fechou escolas com condições e enviou os alunos para Montalegre, para uma escola podre e cheia de bicho. O Sr. Presidente da Câmara devia ser responsabilizado por isso, já que é uma vergonha completa, um escândalo e uma maluqueira o que ele fez». (Dr. Pires)

Realizou-se no passado dia 24 de Setembro, no salão nobre da Câmara Municipal de Montalegre, a 5.ª sessão da Assembleia Municipal com a discussão dos seguintes pontos, uns fazendo parte da ordem de trabalhos, outros trazidos à discussão pelos deputados municipais durante o Período Antes da Ordem do Dia.
Em representação do Sr. Presidente, habitualmente presente, mas nesse dia ausente no estrangeiro, esteve o Vice-Presidente Orlando Alves. Tal ausência motivou por parte dos membros da Assembleia e da Mesa outro à-vontade, muitos desabafos de alma e a liberalidade de dizer verdades que, quando o “patrão” está dentro, há receio em dizer ou, pelo menos, mais contenção. “Presidente fora, desabafos na Assembleia”. É certo que algumas políticas tomadas individualmente pelo Sr. Presidente não reúnem a participação e anuência da equipa do executivo e depois, quando ele não está, ouvem-se as vozes da razão e do descontentamento. Nota-se que esta é uma equipa cheia de ruturas e de fim de ciclo.
Antes, efectuou-se o registo das presenças, tendo-se verificado que havia “quorum”. Entre os assuntos abordados são dignos de nota os seguintes:

1 – O impasse do Centro Escolar do Baixo Barroso.
A decisão ativa e aprovada na Assembleia Municipal sob proposta do Presidente da Câmara foi fazer o Centro Escolar no Baixo Barroso e para ele transportar todas as crianças da zona, incluído Cabril, Ferral, Salto (fechando a sua escola) e Vila da Ponte... É isto o que está em vigor e foi aprovado. É competência do Presidente cumprir o que ele propôs à Assembleia Municipal e esta ratificou. Se agora mudou de ideias ou foi pressionado pelas gentes de Salto a mudar, tem de trazer de novo o caso à Assembleia para que o processo possa prosseguir. “Se não o faz a culpa é dele”.
De referir que recentemente a Câmara recebeu uma delegação do Baixo Barroso a pedir ao Sr. Presidente que dê continuidade àquilo que foi aprovado pela Assembleia e que se faça o centro escolar na Venda Nova. No entanto o Presidente “nem ata nem desata”.
Sobre este assunto vale a pena recordar as palavras do Presidente da Assembleia, Dr. Joaquim Pires: «A Câmara de Montalegre é um mau exemplo no encerramento de escolas. Fechou escolas com condições e enviou os alunos para Montalegre, para uma escola podre e cheia de bicho. O Sr. Presidente da Câmara devia ser responsabilizado por isso, já que é uma vergonha completa, um escândalo e uma maluqueira o que ele fez».

2 – Matadouro do Barracão.
A Câmara, que é um dos vários acionistas do Matadouro, já injetou nele 100 mil Euros. Com isso evitou que os bens do Presidente do Conselho de Administração, Eng. Justo, fossem vendidos. No entanto, a Câmara ainda não fez a escritura do seu aumento de capital. De igual forma, ainda nenhum dos outros acionistas (Estado, Agricultores e Caixa Agrícola) aumentou o seu capital na Sociedade e há forte convicção de que nenhum deles o fará.

3- Segundo orçamento ratificativo.
O segundo orçamento ratificativo constou em desviar verbas dos transportes escolares e de passageiros para o Matadouro de Barracão (100 mil Euros) e para as obras de musealização do Parque das Minas da Borralha (200 mil Euros). É aposta do executivo dignificar o antigo espólio das Minas da Borralha e acolhe-lo em museu, com vista a dinamizar o turismo na parte Sul do concelho.

4 - Proposta de lançamento da derrama e da definição da respectiva taxa,
a incidir sobre o exercício de 2011, para cobrança por parte dos serviços competentes do Estado em 2012.
Sobre as empresas localizadas no concelho com um volume de negócios que ultrapasse os 150 mil Euros incidirá o imposto de derrama de 1,5% sobre o lucro. As empresas com um volume de negócios menor que 150 mil Euros não pagarão derrama. Este imposto, no valor anual de cerca de 80 mil Euros, incide sobretudo sobre a EDP, Bancos e Seguradoras e salvaguarda as empresas locais.

5 – Proposta de definição da taxa de Imposto Municipal de Imóveis, IMI,
aplicável aos prédios urbanos sitos no concelho de Montalegre, para vigorar no ano de 2012.
Tal como no ano corrente, a taxa de IMI a aplicar no concelho será: 0,3%, taxa intermédia, para os prédios urbanos avaliados recentemente e 0,7%, o máximo do que propõe a lei, para as matrizes antigas.

 

Nº 451




sexta-feira, setembro 02, 2011

 

Nº 450





quarta-feira, julho 27, 2011

 

Opinião

Censos 2011

Da leitura dos resultados preliminares dos censos de 2011, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística – INE chamou-me a atenção o facto de 40% da população portuguesa residir nas zonas metropolitanas de Porto e Lisboa, 4% do território nacional. Retive ainda na memória que o Concelho de Mafra ganha mais cerca de 22 000 habitantes e Alcoutim é o concelho português mais desertificado na última década, perde 23% de residentes.
A população do Distrito de Vila Real é agora de 207 184. O Concelho de Montalegre tem um decréscimo populacional de 2 168, cerca de 17% e é o quarto Concelho que mais residentes perdeu no Distrito. Apenas Valpaços, Alijó e Chaves superam Montalegre (em percentagem Montalegre foi o 1º). O nosso Concelho, a nível nacional, fica a cinco pontos percentuais de Alcoutim. A média dos três Concelhos que mais perderam situa-se nos 20%. Não temos muito de quem nos possamos rir. Devemos, isso sim, reflectir e tomar medidas que o assunto é muito sério e necessita de tratamento urgente.
O Concelho de Boticas, aqui tão perto, não chegou ao milhar de perdas.
Pelo Jornal “Povo de Barroso”, última edição, constato que os resultados dos censos de 2011 foram abordados na última Assembleia Municipal. Não sei o tempo de análise que o assunto mereceu por parte dos presentes. Sou de opinião que esta matéria era merecedora de uma reunião extraordinária do Órgão Deliberativo da Câmara. A preocupação traduz-se em muitos depoimentos a que acedi. Um Presidente de Câmara, por exemplo, afirmou, cito: - “O declínio populacional atingiu um ponto em que algo tem que ser feito, porque o despovoamento do país é uma realidade avassaladora, à beira de atingir um ponto de não retorno. Os resultados são um drama para o interior, mas há soluções, não podemos desanimar e os poderes públicos não podem ignorar mais esta situação”. De notar que o Concelho a que este autarca preside perdeu apenas 7% de residentes. Comparado com o de Montalegre é uma insignificância.
Concelhos que adoptaram medidas contra a desertificação estão a conseguir bons resultados. O Concelho de Vila de Rei superou inclusivamente a média nacional ao atingir o valor de recuperação de 2,83%. Iniciou com a vinda de famílias do Brasil, apoio à natalidade, isenção de IMT e IMI e redução de 5% no IRS. Hoje aposta em jovens alunos de São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde.
O êxodo da população do Concelho de Montalegre é real e muito elevado, não se pode ignorar este fenómeno. As pessoas só se fixam onde existam escolas, postos de saúde dignos desse nome, vias de comunicação em bom estado de conservação, captação do sinal dos quatro canais da televisão nacional, acesso à internet, brigada de cantoneiros, saneamento básico, oferta de emprego, praias fluviais e centros culturais. A redução de impostos também é possível. A lei permite ao Poder Local abdicar de parte do valor a favor dos munícipes. A maior parte das aldeias do Concelho não dispõem destes serviços.
A Freguesia de Montalegre, segundo os censos de 2011, ganhou mais um habitante. É inegável que é uma vitória da autarquia pela qualidade de vida que a Sede do Concelho atingiu resultante do muito investimento feito. Há que realçar este ponto, aproveitar a experiência e passar a canalizar verbas para as outras freguesias, sempre tão esquecidas. Esquecimento injusto, umas mais que outras, e inaceitável. As rendas da indústria eléctrica, impostos e derramas são a viga mestra da receita do Município. Nas aldeias estão as barragens, as torres eólicas e grande parte das propriedades urbanas e rústicas. Graças a estas receitas as infra-estruturas na sede do Concelho já atingiram um patamar muito elevado e em alguns casos ultrapassam o razoável, face à carência em outros locais do Concelho. A Vila modernizou-se, o comércio local desenvolveu-se com eventos grandiosos subsidiados ou pagos pela autarquia. Até se esbanjaram alguns milhares de euros. Exemplos não faltam. Dizia-me um aldeão: “na Vila já se tira e volta a pôr calceta no mesmo sítio”. A imprensa local divulgou o lamento do responsável da autarquia por gastar milhares de euros nas piscinas municipais. Era moda na altura! Por isso se construíram.
A manter-se a política de desinvestimento nas aldeias, não resta outra alternativa a muitos Barrosões senão partir e caminhar no sentido do correr da água para o litoral, à procura de uma vida digna, que o município não quis ou não soube dar-lhes e que os preteriu, apesar de excelentes contribuintes para os cofres da autarquia.
Opinião de Fernando Guimarães

 

Destaque 2

Censos 2011 - concelho de Montalegre campeão da desertificação

O distrito de Vila Real perdeu cerca de 16.500 habitantes entre 2001 e 2011, segundo os resultados preliminares dos Censos 2011, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). A população residente no distrito de Vila Real é agora de 207 mil e 184 habitantes, dos quais 52,04% são mulheres. O distrito contraria a tendência nacional já que Portugal tem mais cerca de 200 mil residentes que em 2001. Segundo os dados preliminares, existem 81.286 famílias, com uma média de 2,5 pessoas por família, 139.934 alojamentos e 118.332 edifícios no distrito.
Já o concelho de Vila Real conta agora com 52.219 habitantes, mais 2.262 pessoas que em 2001. Foi o único a aumentar a sua população residente, já que os restantes 13 concelhos do distrito viram o seu número de habitantes decrescer.

Alto Tâmega perdeu 10.397 residentes. Montalegre campeão da desertificação.
Vila de Montalegre aumentou 1 habitante

No Alto Tâmega, o concelho de Valpaços foi o que mais residentes perdeu entre 2001 e 2011: conta com menos 2.636 habitantes do que há 10 anos. De seguida, Chaves perdeu 2.223 habitantes, Montalegre perdeu 2.168 habitantes e Vila Pouca de Aguiar perdeu 1.831 habitantes. Territórios menos extensos, Boticas perdeu 670 habitantes e Ribeira de Pena perdeu 869. O aumento ou diminuição da população dependem do saldo natural (relação entre nascimentos e óbitos) e do saldo migratório (relação entre imigração e emigração).
Já em termos percentuais, ou seja, relacionando a quebra de população com a dimensão dos municípios, os concelhos de Chaves e Ribeira de Pena foram os que menos perderam população (5%), logo seguidos de Boticas, que registou uma perda de 10,4%. O que mais perdeu residentes foi o concelho de Montalegre (17%). A vila de Montalegre ganhou uma única pessoa.

Desculpas esfarrapadas do Presidente da Câmara
Para Fernando Rodrigues, presidente da Câmara de Montalegre, estes números não surpreendem. “Era inevitável em função do que tem sido o desenvolvimento do país concentrado no litoral”, notou o único autarca socialista do Alto Tâmega. Com 10.594 pessoas a residir actualmente no concelho de Montalegre, “o Interior está em processo de sangria humana e as aldeias em morte social”, considerou Fernando Rodrigues, acrescentando que “tem de se fazer justiça no território e no país”, já que “não há uma distribuição equitativa do bolo do orçamento”.
Quanto às receitas dos autarcas para atrair população, Fernando Rodrigues afirma que “vamos continuar(?!) a trabalhar com empresários que tenham ideias para a região”, sugerindo ainda que uma forma de atrair mais gente para o Interior passaria por criar “uma estrutura acima dos municípios para defender os interesses da região e que fizesse uma promoção mais alargada de Trás-os-Montes”, apoiando agricultores e produtos locais.

Cidade de Chaves e vila de Boticas aumentaram população
Já João Batista, presidente da Câmara de Chaves, salienta que este concelho “perdeu menos que os municípios vizinhos” e ganhou mais 579 famílias (16.257) do que em 2001. “Chaves parece uma certa ilha” no mapa autárquico, considera. Contudo, “lamento que haja quebra e o mais preocupante é que a maior parte é abaixo dos 18 anos.
Na vila de Boticas, sede de concelho, a população aumentou 22%, ao contrário das 15 freguesias circundantes. “É um dado histórico, talvez único no país”, salientou o presidente da câmara botiquense, Fernando Campos, que associa este aumento à criação de emprego. “As políticas que temos vindo a implementar têm sido positivas. Conseguimos alguma empregabilidade na sede de concelho, como é o caso da fábrica das cordas (Euronet) que vai agora aumentar as instalações, e criámos condições para a instalação de algumas empresas, como é o caso da Hélder Gonçalves que foi agora absorvida por uma multinacional israelita”, explicou Fernando Campos, que ainda assim lamenta a perda de população no concelho menos povoado do Alto Tâmega, que conta agora com 5.747 habitantes, notando no entanto que “face à situação nacional, foi melhor que o esperado”.

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